quarta-feira, 4 de março de 2009

Os projectos turísticos para Évora

Na Sexta-feira passada decorreu o primeiro encontro do Clube Eborense. À semelhança de outros clubes existentes noutras cidades, surge este clube, cujo objectivo consiste em reflectir acerca de diversos aspectos que influenciam a vivência na cidade. O primeiro convidado foi o Presidente da Câmara Municipal de Évora, Dr. José Ernesto d’Oliveira que, na qualidade de cidadão, concebeu um cenário favorável ao desenvolvimento de Évora, subordinado ao tema Évora 2020, cenário desejável por todos os que vivem na cidade. E foi em torno dos eixos estratégicos de desenvolvimento de Évora que reflectiu, valorizando a promoção do património, a qualidade de vida, a competitividade do município de Évora enquanto território atractivo ao nível económico.

Os eixos estratégicos de desenvolvimento relacionam-se com o turismo, aposta que tem sem dúvida um grande peso no desenvolvimento local e regional. Independentemente das quebras no ritmo do crescimento desta actividade, que se devem a uma instabilidade internacional crescente, o turismo é uma das mais fortes actividades económicas mundiais, por representar um conjunto de actividades produtivas, no qual os serviços têm um papel predominante, na medida em que estão relacionados com todos os sectores económicos de um país ou de uma região. De facto, o turismo é diferente de outras actividades, pois o serviço prestado pode incluir componentes tão variadas como o transporte, o alojamento, a restauração, as visitas culturais, entre outras.

O turismo contribui para a sustentabilidade económica, social e ambiental dos processos de desenvolvimento aos níveis regional e nacional devido à sua capacidade de gerar riqueza, de criar postos de trabalho, de estimular o desenvolvimento regional, de contribuir para protecção do património natural e cultural, para além dos efeitos positivos sobre a balança de pagamentos.

Segundo Licínio Cunha, o turismo garante uma estreita relação entre o desenvolvimento regional e o desenvolvimento nacional, uma vez que os efeitos sociais do turismo verificados numa determinada região, se repercutem no todo nacional. Para o ex-secretário de estado do Turismo, as razões que levam a que esta actividade seja um factor de expansão global devem-se ao facto de ser a actividade que melhor pode endogenizar os recursos locais, na medida em que as características de uma região por si só não aumentam a sua riqueza e é o turismo que lhe confere esse valor acrescentado; por outro lado, o turismo permite uma transferência de rendimentos das regiões mais desenvolvidas para as menos desenvolvidas e obriga o lançamento de infra-estruturas e equipamento social; o turismo dinamiza ainda a produção local, possibilitando o aparecimento de novas actividades e o aproveitamento de instalações abandonadas, garantindo-lhe novas funções, atenua os desequilíbrios regionais e proporciona uma distribuição mais equitativa do nível de vida entre as regiões.

Os projectos PIN surgem no sentido de dinamizar o investimento que diversifique a base económica portuguesa, incentive emprego qualificado ou crie mais valor acrescentado. Os projectos reconhecidos deverão apresentar um impacto positivo em pelo menos quatro dos seguintes domínios: devem ser susceptíveis de produzir bens e serviços de carácter inovador e em mercados em crescimento, criar efeitos positivos em actividades empresariais, interagir com entidades no âmbito da ciência e da tecnologia, contribuir para a criação ou qualificação de emprego, bem como contribuir para a economia de regiões menos desenvolvidas, colaborando para o balanço económico externo e/ou para a eficiência energética ou favorecimento de energias renováveis.

É neste contexto que se encontram em fase de desenvolvimento na cidade de Évora e na área adjacente diversos empreendimentos turísticos. Projectos como conjuntos turísticos, aparthotéis, aldeamentos ou moradias turísticas, a serem construídos até 2015, são disso exemplo paradigmático.

Os projectos turísticos desta natureza são empreendidos a maioria das vezes em comunidades próximas aos locais atractivos e contêm diversas iniciativas, com vista a competir com outras semelhantes. A preocupação com a qualidade dos serviços prestados na óptica dos turistas é uma constante no planeamento de projectos deste género, pelo que se inserem numa política de diferenciação e melhoria da qualidade global do Alentejo e de Évora, em particular. Para além da mais-valia económica que representa por atrair para a zona mais turistas e por ser gerador de emprego directo e indirecto em grande escala, o estabelecimento destes projectos em Évora tem a vantagem de diversificar o tipo de turistas que se desloca à cidade.
Se actualmente a motivação existente é predominantemente cultural e se turistas e visitantes se deslocam a Évora com o intuito de conhecer o seu património arquitectónico e outros elementos que se enquadram no designado turismo cultural, a criação de empreendimentos que contêm, para além de capacidade de alojamento e de restauração, campos de golfe, campos de ténis, centros de congressos, health centers ou museus, entre outros, contribuirá certamente não só para um incremento do número de turistas como para uma diversificação do seu perfil.

Em Évora vão ser criados três conjuntos turísticos compostos por empreendimentos de golfe de resort, complexos hoteleiros e desportivos que funcionam como centros de férias. O facto de a sua procura se distribuir principalmente durante os meses de Outono até ao final da Primavera e ser mais reduzida no Verão, quando é mais elevado o grau de sazonalidade da procura em Portugal, contribui para o equilíbrio da actividade turística.

Qualquer um destes projectos representa para Évora uma oportunidade de estar presente nos circuitos turísticos portugueses de excelência, funcionando como um meio de promoção do Alentejo, não só no país como também no estrangeiro. Planeados tendo em consideração a criação do TGV e do aeroporto de Beja, os diversos empreendimentos turísticos a serem construídos, traduzem-se em vantagens únicas para o Alentejo e para os seus habitantes e constituem-se como motores fulcrais do seu desenvolvimento, na medida em que atrairão investimentos de empresários de outros sectores.

Acredito que Évora em 2020 irá ser um catalisador significativo para o crescimento económico, gerador de formação e novas oportunidades de emprego, uma vez que o investimento feito na zona é indissociável de desenvolvimento, de promoção e de animação não só ao nível económico, como também social, cultural, político, ambiental e tecnológico.

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